Links às páginas Web anteriores do KKE
A crise capitalista e a resposta da classe operária
Comunicação no Simpósio internacional na USP: “Um mundo em convulsão”, 8 de Outubro 2013 Mesa: Europa, Uma Crise terminal?
Os acontecimentos na Grécia nos últimos anos, o curso da crise e as lutas dos trabalhadores, têm atraído a atenção de importantes setores de trabalhadores e da juventude de vários países.
Vou tentar esclarecer, do ponto de vista do KKE, na base do marxismo-leninismo e tendo como critério os interesses da classe operária e das camadas populares mais pobres, aspectos do confronto ideológico e político a propósito de:
- A natureza da crise actual
- O carácter da União Europeia e as rearrumações no sistema imperialista internacional
- Qual é a alternativa, a saída da crise em favor do povo.
A. A crise económica capitalista e as rearrumações no âmbito internacional
A emergência da crise econômica capitalista generalizada e sincronizada colocou em primeiro plano o carácter historicamente antiquado e desumano do sistema capitalista
Contribui para a agudização das desigualdades e das contradições interimperialistas, a mudança da correlação de forças na pirâmide imperialista internacional, a fluidez das alianças e o rebentar de novos e antigos focos de guerra.
Levou ainda a uma maior diminuição da participação dos EUA, da UE, e do Japão no Produto Mundial Bruto (PMB). Os EUA continuam a manter a 1ª posição, mas a sua participação no PMB reduziu-se de 22,23% em 2005 para 18,9% em 2012 (na base da paridade do poder de compra). A zona euro já não detém a 2ª posição; a sua participação reduziu-se de 16,53% em 2005 para 13,73% em 2012 (a UE dos 27 países em conjunto tem uma quota igual à dos EUA).
É característico que, no seu conjunto, a quota das economias do grupo G7, isto é dos EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão, que foram as economias desenvolvidas mais fortes, durante a crise caiu de 45,03% do produto mundial em 2005 para 37,75%, de acordo com as previsões para o ano de 2012, com a perspectiva de uma diminuição ainda maior nos próximos anos.
Em sentido contrário, aumenta constantemente a quota da China e da Índia no Produto Mundial Bruto enquanto as quotas dos demais países dos BRICS (Brasil, Rússia Índia, China e África do Sul) se mantêm estáveis. Aumenta o peso internacional do Brasil e o papel que desempenha na América Latina como potência capitalista devido ao tamanho do país e à sua taxa de desenvolvimento capitalista.
B. A evolução da crise na Grécia
Hojeem dia a Gréciaé o elo mais débil da zona euro; continua numa crise bem profunda, apresenta queda na produção industrial, balanço negativo da conta-corrente e uma elevada dívida pública.
A sua distância em relação às economias capitalistas da zona euro ampliou-se. Ainda que a posição da Grécia na região do Mediterrâneo Oriental continue a ser importante, é cada vez mais débil em comparação com a Turquia e Israel.
Na última década registraram-se perdas relativas à sua competitividade capitalista, uma grande redução da produção, principalmente na indústria manufatureira e na construção e, em menor medida, na produção agrícola. O sector da marinha mercante mantém o seu papel protagonista no mercado capitalista internacional (a frota de propriedade grega mantém a 2ª posição a nível mundial e a 1ª na UE, enquanto a frota sob bandeira grega mantém a 6ª posição no mundo). A frota grega fazia e continua a fazer grande parte dos transportes marítimos de mercadorias e petróleo para os EUA. É a única secção do capital grego que tem uma forte posição negociadora dentro da União Europeia.
A crise na Grécia continua pelo quinto ano consecutivo. Para 2013 espera-se uma nova redução do PIB de 4,2%. A queda acumulada do PIB desde 2008, quando a crise eclodiu, chega a -24%. Os desempregados já atingem 1,5 milhões de trabalhadores. O desemprego juvenil superou 60%. Os ingressos das famílias populares caíram mais de 40%. Trata-se da mais profunda e mais longa crise de sobreacumulação de capital desde a década de 1950.
A crise na Grécia agravou-se por causa da sua integração na União Europeia e na zona euro, o que agudizou as desigualdades profundas no desenvolvimento/estrutura dos ramos industriais e contribuiu para a perda de competitividade do sector da manufactura grega, o aumento das importações, o aumento do deficit comercial e da dívida pública.
Um intenso conflito ideológico realiza-se em torno da natureza da crise e, consequentemente, sobre a direção da saída dela. Logo no primeiro momento os partidos burgueses e as forças reformistas e oportunistas fizeram um esforço sistemático de desinformação, de ocultação das verdadeiras causas e fatores da crise. O seu objectivo era impedir, nem que fosse um pequeno passo, para a emancipação do movimento operário e popular. Promoveram-se teorias sobre o «capitalismo de casino», de que a crise se deve exclusivamente ao sistema financeiro, ao «sobre-consumo» ou inclusive ao seu contrário, o «subconsumo» - esta teoria última apareceu depois do Memorando de 2010.
Promovem-se alegações infundadas que "a Grécia torna-se cobaia", ou afirmando que "a Grécia está sob ocupação", absolvendo assim o capital grego e o capitalismo, embelezando a União Europeia e ocultando o facto de que medidas semelhantes são tomadas em todos os países da União Europeia para reforçar a competitividade dos grupos monopolistas, garantindo mão-de-obra barata e abrindo novos campos de rentabilidade para o capital. Tratam-se de reestruturações aprovadas pela União Europeia bem antes da eclosão da crise.
O KKE afirma, com argumentos documentados, que se trata de ma crise cíclica de superprodução e superacumulação de capital; que a origem da crise reside exactamente no período antecedente do intenso desenvolvimento capitalista. Entre 1995-2007 aumentou-se drasticamente, cerca de 63%, a rentabilidade do capital social, superando até mesmo o período de 1960-1973 (chamada como «época dourada» do capitalismo grego). A taxa média de crescimento anual do PIB nos anos de 1996-2007 chegou a 3,9%. No período de 2004-2008 alcançou quase o dobro da taxa media da zona euro[1]. Isso dá mais um argumento de que não há saída da crise em favor do povo no âmbito do caminho do desenvolvimento capitalista, independentemente da sua forma de gestão.
C. O carácter da União Europeia e os desenvolvimentos no seio dela
Os acontecimentos têm refutado totalmente as forças burguesas e oportunistas que caracterizam a União Europeia um fenómeno objectivo e inevitável, como uma União que se expanda constantemente, como uma união que pudesse funcionar em favor dos povos.
Ao contrário, deram razão às posições do KKE que dizia que a União Europeia é uma aliança interimperialista, cujo critério são os interesses dos monopólios europeus, o aumento da rentabilidade do grande capital e o reforço da sua competitividade através do aumento do grau de exploração da classe operária, a eliminação de direitos trabalhistas, a deterioração das condições da vida das camadas populares.
É uma União interestatal imperialista que abre caminho para a actividade livre do capital nos níveis nacional, regional e internacional. Age para a expansão das atividades empresariais dos grandes grupos económicos, para a conquista de novos mercados e esferas de influência, para saquear os recursos naturais, minerais e energéticos.
A União Europeia hoje em dia tem mais de 30 milhões de desempregados e muitos outros subempregados, compromete o futuro da juventude, condena mais de 127 milhões de pessoas à pobreza extrema. Tem participado, juntamente com os EUA e a NATO, das agressões imperialistas contra Yugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia. Desempenha um papel importante nas ameaças e nas intervenções contra a Síria e o Irã.
Essa é a União Europeia: uma união partidária do anti-comunismo que pretende caluniar a contribuição histórica dos comunistas na luta pelo progresso social, que difama a contribuição decisiva da União Soviética na derrota do fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e tenta identificar o comunismo, que é o inimigo verdadeiro do capital e do capitalismo, com o fascismo, que é um filho do próprio sistema capitalista e uma força a serviço do capital.
As contradições internas agudizam-se constantemente nos seios da União Europeia e da zona de euro.
Actualmente distinguem-se[2] três categorias no interior da zona euro: A categoria forte (Alemanha, Países Baixos, Finlândia); uma segunda categoria, a da França e Itália, cuja distância da Alemanha está a aumentar, e a categoria das economias endividadas mais débeis (Espanha, Portugal, Irlanda, Grécia, etc.).
A tendência dominante atual da burguesia alemã dá prioridade ao fortalecimento do euro e da estabilidade monetária e questiona o objectivo e a capacidade da Alemanha em assumir grande parte da responsabilidade pela depreciação do capital nos países endividados.
Uma segunda tendência, que está em crescimento, assinala o perigo em torno da força do euro e da estabilidade das relações euro-atlânticas, no caso de expulsão de alguns elos mais débeis. Esse acontecimento poderia conduzir à redução do mercado interno unificado da União Europeia.
Uma terceira tendência questiona em geral a forma atual da zona euro e dá prioridade à aproximação ao eixo China-Rússia.
Colocam-se graves dilemas quanto ao futuro da zona euro. Nas Conferências de 2011 e 2012 conseguiu-se um consenso temporal, frágil, que não anula as causas da agudização das contradições interimperialistas.
D. Dificuldades da gestão burguesa e a polémica sobre a administração da crise
No terreno das previsões sombrias[3] sobre o curso da economia capitalista e no contexto das mudanças na correlação de forças dentro da União Europeia e no sistema imperialista internacional, está intensificando o conflito e a polémica sobre a administração da crise em geral, e sua gestão na Grécia em particular.
No que diz respeito à administração da crise na Grécia, duas opções burgueses principais estão sendo promovidos: de um lado essa que promove a Alemanha e a União Europeia e, e outro lado, a que propõe o FMI e os EUA. Estas duas opções básicas de gestão condicionam as forças políticas burguesas que se alinham a uma ou outra delas.
Por um lado está a proposta da Alemanha, que inclui a extensão do período de amortização da dívida actual da Grécia e um novo empréstimo. Por outro lado está a proposta do FMI que recomenda um novo «recorte» da dívida grega, para que a sua gestão siga viável. Essa aparece também a opção que favoreça o governo brasileiro no âmbito do FMI.
Ao mesmo tempo, tanto o governo dos EUA como a social-democracia alemã[4] propõem um novo "Plano Marshall" para o desenvolvimento e um relativo relaxamento da política restritiva fiscal para que economia capitalista grega recupere mais rapidamente.
O governo grego coincide com a proposta da Alemanha, da União Europeia e do Banco Central Europeu. A essa posição aderem os partidos parceiros no governo a ND e o PASOK.
A segunda opção do FMI e do EUA é favorecida pela direção da Federacão de Empresas Helénicas (SEB) que afirma que "o ajuste fiscal violento prejudica qualquer perspectiva de desenvolvimento” e pede mais tempo para que as metas fiscais sejam alcançados. A SEB também observa que o problema grego é parte do problema mais geral da União Europeia e exige uma «solução Europeia global».
Esta opção de gestão é promovida pelo SYRIZA o qual promete que seu governo provocará uma conferência extraordinária da União Europeia para reivindicar e alcançar um novo "recorte" da dívida grega, com o apoio das «forças do sul da Europa».
As diferenças entre as duas propostas de gestão principais não afetam a essência das medidas impopulares burgueses. Tanto as da Alemanha-EUA quanto as do FMI-EUA. envolvem as "mudanças estruturais" que têm sido promovidas pelos partidos de PASOK e ND, com a participação ou não dos partidos LAOS e DIMAR nos governos.
Por outro lado, o SYRIZA embeleza e branqueia a administração Obama[5], fala de "espírito empreendedor", "estabilização da economia". Sua crítica às reduções salariais se concentra no facto que se fez violentamente, como resultado de lei e não como fruto de negociações entre os «parceiros sociais»[6].
A polémica entre as duas opções principais reflete a dificuldade crescente da política burguesa de administrar a crise de superacumulação de capital. Ao mesmo tempo, a dificuldade de gerir a crise e as mudanças na correlação de forças entre os centros imperialistas, aumenta o perigo duma guerra imperialista.
A possibilidade de uma escalada da intervenção imperialista contra a Síria pelos EUA, França, Israel, Turquia e outras potências «dispostas», com o envolvimento da classe dominante grega, vai abrir a garrafa de Aeolus na região do Mediterrâneo Oriental, que tem importância geopolítica e energética especial.
A classe dominante da Grécia considera sua participação nos planos imperialistas como uma oportunidade para aumentar seu peço geopolítico, e compensar o enfraquecimento da sua posição na região após a manifestação da crise.
E. Reverberação na superestrutura e reforma do sistema político
A profundidade da crise e as dificuldades na sua gestão tornam o capital e seus representantes políticos extremamente agressivos. Reforça-se o autoritarismo, a repressão estatal, o anticomunismo. O sistema político em geral torna-se mais reacionário.
Ao serviço da repressão e da violência estatais se colocam, cada vez mais abertamente, os mecanismos europeus de repressão e a consolidação institucional das intervenções imperialistas. Neste sentido, está a fortalecer-se o funcionamento e o papel dos aparelhos de repressão como: o serviço europeu de Polícia (Europol), a agência europeia de cooperação judicial (Eurojust), a agência europeia para a cooperação operativa nas fronteiras exteriores dos Estados membros da União Europeia (Frontex). Reforça-se a conexão entre o «mecanismo de protecção civil» e a «cláusula de defesa mútua e de solidariedade». Reforça-se o carácter reacionário e agressivo da União Europeia, ao mesmo tempo que se verificam as intervenções militares nos seus Estados membros sob o pretexto do «terrorismo», da «destruição dos recursos naturais e humanos», dos «ataques cibernéticos», etc., tudo para atacar o movimento operário protegendo os sistemas políticos burgueses. O conceito do «terrorismo» expande-se para incluir o «radicalismo» e as «ideologias extremistas»». Criminaliza-se a ideologia e a atividade política que leva para fora dos limites do sistema capitalista, intensifica-se e institucionaliza-se o anticomunismo. Multiplicam-se os mecanismos de vigilância e de recompilação de dados contra os lutadores.
O desenvolvimento da crise criou fendas no sistema político burguês atual e uma certa disfunçãoem mecanismos do Estadocapitalista.
A governança burguesa foi adaptada a uma nova forma, a da cooperação de partidos burgueses – apesar das suas contradições – que andavam há anos a alternar no governo (governo de L. Papadimos apoiado pelo PASOK-ND e inicialmente por LAOS, governo de A. Samaras apoiado por ND-PASOK-DIMAR depois das eleições de 17 de Junho de 2012). Está em curso a reforma do sistema político burguês, cujo elemento é a restauração da ala socialdemocrata contemporânea através do SYRIZA. Promove-se a reforma do sistema político burguês, de modo a poder oferecer mais combinações governativas alternantes, através da cooperação dos partidos.
Elementos essenciais da reforma do sistema político burguês são a intensificação do anticomunismo, o crescimento e a representação parlamentar do nacional-socialismo/fascismo.
Os últimos ataques assassinos da Aurora Dourada revelaram ainda mais claramente o seu carácter como organização criminal nacional-socialista, nazi e fascista, como filho do capitalismo cujo papel é o de atacar o KKE e o movimento operário. A Aurora Dourada é apoiado por importantes estratos estatais e para-estatais. Trata-se de uma seção e um partido do sistema político burguês. É um veículo para a infiltração de ideias reacionárias em sectores populares. Ateoria dos «dois extremos»[7], ou o discurso sobre «a condenação da violência por todos os lados» que tenta identificar a ação criminosa desta organização nazi-fascista com as lutas do movimento operário fomentam ela.
A classe operária e os seus aliados sociais, os trabalhadores autónomos, os camponeses, as organizações radicais de mulheres e de jovens podem e devem enfrentar o Aurora Dourada nos locais de trabalho, nos bairros, nas zonas rurais.
F. Qual é a resposta da classe para a saída da crise?
Não há saída real em favor do povo, se ela não responda à natureza da crise, como crise de superprodução e acumulação de capital.
O caminho do desenvolvimento tendo como critério os lucros do capital, visando a sua reprodução ampliada, não pode levar à prosperidade popular. Opõe-se aos interesses populares tanto durante a crise como também na fase de alta taxa de crescimento. As criticas que fazem os representantes da corrente oportunista (Stathakis, Millos, Lapavitsas, Vergopoulos etc) de que a política governamental não abre o "caminho para o desenvolvimento", tem como objectivo de entravar o movimento popular na busca vã por um desenvolvimento capitalista que supostamente possa beneficiar ao mesmo tempo tanto o capital quanto os trabalhadores.
O caminho para a derrocada do poder dos monopólios é a única opção realista que serve o povo. Todos os outros caminhos levam à mesma politica comprovada que tem levado à crise capitalista, que reproduz os becos sem saída do sistema à custa do povo e em favor dos monopólios.
O KKE no seu 19 º Congresso destacou o outro caminho de desenvolvimento que pode utilizar as grandes riquezas e o potencial produtivo do país. Isto implica a derrubada do poder dos monopólios, a dissociação do OTAN e da UE, a cancelamento unilateral de da dívida, a socialização dos monopólios.
Essa saída requer o reagrupamento classista do movimento sindical, a organização da aliança popular. A Aliança Popular expressa os interesses da classe operária, dos autônomos, dos agricultores pobres, da juventude e das mulheres dos setores populares na luta contra os monopólios e a propriedade capitalista, contra a integração às organizações imperialistas.
A Aliança Popular responde à pergunta premente: como organizar a luta pela rejeição das bárbaras medidas antipopulares e de classe e como organizar o contra-ataque popular. A Aliança Popular tem uma clara orientação antimonopolista e anticapitalista. Promove a ruptura com as uniões imperialistas, opõe-se à guerra imperialista e a participar nela. Sua ação fortalece a articulação das forças sociais antimonopolistas e anticapitalistas, pretende dirigir sua luta à conquista do poder operário – popular.
A crise capitalista, tanto em nosso pais com no âmbito internacional, revelou claramente a agudização das contradições, as dificuldades da gestão burguesa e, mais geralmente, as dificuldades de passar a um novo ciclo de reprodução ampliada do capital social. Sublinha a necessidade do reagrupamento do Movimento Comunista Internacional e da emancipação do movimento operário e popular coloca em primeiro plano a actualidade e a necessidade do socialismo como a única resposta e alternativa à barbárie capitalista.
Anexos
Anexo 1. Evolução da taxa de crescimento do PIB da Grécia 1996-2013 [8]
Source of data: |
Eurostat[9] |
|||||||||||||||||
UNIT |
Percentage change (%) on previous period |
|||||||||||||||||
INDIC_NA |
Gross domestic product at market prices |
|||||||||||||||||
GEO/TIME |
1996 |
1997 |
1998 |
1999 |
2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
2004 |
2005 |
2006 |
2007 |
2008 |
2009 |
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
European Union[10] |
1,9 |
2,9 |
2,9 |
2,9 |
3,9 |
2,0 |
1,3 |
1,5 |
2,6 |
2,2 |
3,4 |
3,2 |
0,4 |
-4,5 |
2,0 |
1,6 |
-0,4 |
: |
Euro area[11] |
1,5 |
2,5 |
2,7 |
2,9 |
3,8 |
2,0 |
0,9 |
0,7 |
2,2 |
1,7 |
3,2 |
2,9 |
0,4 |
-4,4 |
2,0 |
1,5 |
-0,6 |
-0,4 |
Greece |
2,4 |
3,6 |
3,4 |
3,4 |
4,5 |
4,2 |
3,4 |
5,9 |
4,4 |
2,3 |
5,5 |
3,5 |
-0,2 |
-3,1 |
-4,9 |
-7,1 |
-6,4 |
-4,2 |
United States |
3,8 |
4,5 |
4,4 |
4,8 |
4,1 |
0,9 |
1,8 |
2,8 |
3,8 |
3,4 |
2,7 |
1,8 |
-0,3 |
-2,8 |
2,5 |
1,8 |
2,8 |
1,9 |
Japan |
2,6 |
1,6 |
-2,0 |
-0,2 |
2,3 |
0,4 |
0,3 |
1,7 |
2,4 |
1,3 |
1,7 |
2,2 |
-1,0 |
-5,5 |
4,7 |
-0,6 |
2,0 |
1,4 |
Anexo 2. Evolução do PIB da Grécia 1993-2013
Gross domestic product, constant prices (in billions of euros)
1993 |
1994 |
1995 |
1996 |
1997 |
1998 |
1999 |
2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
2004 |
2005 |
2006 |
2007 |
128.362 |
130.929 |
134.904 |
138.086 |
143.109 |
147.922 |
152.981 |
158.378 |
165.026 |
170.702 |
180.848 |
188.746 |
193.050 |
203.682 |
210.885 |
2008 |
2009 |
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
|||||||||
210.431 |
203.830 |
193.754 |
179.986 |
168.498 |
161.397 |
Source of Data: International Monetary Fund, World Economic Outlook Database, April 2013[12]
Source: Haver Analytics. Formally, the National Statistical Office (ELSTAT) Latest actual data: 2012. For quarterly data, latest actual is 2012Q4.
Notes: The National Statistical Office has significantly and repeatedly revised national accounts data over the course of the past five years. Official data are only available from 2005. Staff has estimated data prior to 2005 using growth rates from previous releases of the World Economic Outlook. Therefore, these estimates should be treated as provisional.
National accounts manual used: ESA 1995
GDP valuation: Market prices Start/end months of reporting year: January/December
Base year: 2005
Chain-weighted: Yes, from 2000
Primary domestic currency: Euros Data last updated: 03/2013
Anexo 3. Tendências básicas na composição social, na estrutura do emprego e na estrutura da economia
3.1 Emprego e sua composição
Durante a última década, o emprego total diminuiu de 4,09 milhões em 2001 para 3,7 milhões de trabalhadores em 2012, sendo que houve um aumento do seu número até ao ano de 2008, antes do rebentar da crise.
O número total dos trabalhadores no sector primário (agrícola) diminuiu de 16,1% em 2001 para 13% em 2012. Houve uma diminuição importante no sector industrial (secundário) de 23% em 2001 para 16,1% em 2012. Em contrapartida, registou-se um aumento do emprego no sector terciário de 60,9% do total dos empregados em 2001 para 70,4% em 2012.
O número de assalariados em 2012 foi aproximadamente equivalente ao número de assalariados em 2001, 2,4 milhões, mas esta equivalência esconde um aumento significativo no número de assalariados antes do rebentar da crise, seguida de uma redução rápida. Como percentagem do total de trabalhadores representavam 59,4% em 2001 e 63,3% em 2012. Antes do rebentar da crise a taxa de crescimento foi maior.
O número de trabalhadores autónomos como percentagem do total parece ter um ligeiro aumento de 23,6% em 2001 para 24,3% em 2012, no entanto, a quantidade em números, com pequenas flutuações mantém-se relativamente estável nos 950.000. No entanto, o aparente aumento esconde um nível de subemprego que se aproxima do desemprego.
3.2 Tendências no emprego por ramo/sector
Verificou-se uma importante tendência quanto à redução dos assalariados e autónomos na indústria manufactureira e na construção. Em contrapartida, registou-se um aumento nos sectores do turismo-restauração, telecomunicações, sector financeiro e nos serviços científicos e técnicos.
O número de independentes na indústria manufactureira reduziu-se de 577.000 em 2001 pra 367.000 em 2012. O número de assalariados na indústria manufactureira tem uma pequena redução de 73,8% em 2001 para 72,2% em 2012. Contrariamente, a percentagem dos independentes aumentou de 11,5% em 2001 para 14,1% em 2012.
Na construção o número de trabalhadores reduziu-se muito, de 307.000 em 2001 para 216.000 em 2012, ao passo que o número dos assalariados reduziu-se de 203.000 para 128.000 no mesmo período. A percentagem de mão-de-obra assalariada reduziu-se significativamente de 66% em 2001 para 59% em 2012, ao mesmo tempo que aumentava a percentagem de trabalhadores independentes de 18,1% para 27%, com um ligeiro aumento de 56.000 para 58.000.
No comercio o número de trabalhadores teve uma pequena redução de 705.000 em 2001 para 687.000 em 2012 (-2,5%), ao passo que o número de assalariados neste período teve um importante aumento de 345.000 para 383.000, com a sua percentagem a aumentar de 49% em 2001 para 56% em 2012. O número de trabalhadores por conta própria reduziu-se significativamente de 213.000 em 2001 para 190.000, com a sua queda na participação de 30,2% em 2001 para 27,7% em 2012. O sector retalhista ainda tem um elevado número de trabalhadores independentes, mas as tendências de concentração e centralização e a proletarização neste sector são evidentes.
No sector do turismo e restauração, devido à intensa natureza sazonal, mencionam-se os dados do período 2001-2011 onde existe a possibilidade de deduzir uma média anual. O número de empregados neste sector aumentou de 269.000 para 295.000 em 2011 e o número dos assalariados aumentou de 156.000 para 170.000 em 2011. O número dos assalariados manteve-se praticamente estável nos 58%. O número dos trabalhadores independentes aumentou ligeiramente de 48.000 para 50.000 com a sua percentagem a cair de 17,8% para 16,9% em 2011.
No sector financeiro, o número dos trabalhadores aumentou de 108.000 em 2001 para 121.000 em 2012. O número dos assalariados aumentou de 96.000 em 2001 para 107.000 em 2012. O sector tem uma elevada percentagem de mão-de-obra assalariada, aproximadamente 90%, número que se manteve praticamente estável de2001 a 2012.
No sector de serviços técnico-científicos trabalham 221.000 trabalhadores, dos quais 85.000 (39%) são assalariados, 103.000 (47%) são trabalhadores independentes e 30.000 (13%) são empregados. Na base dos dados disponíveis só podemos avaliar um aumento de 30% no sector durante a última década.
O desemprego oficial, neste período, aumentou consideravelmente de 11,2% em 2001 para 25,4% em 2012, mas não como uma tendência uniforme. O rebentar da crise levou a uma inversão repentina da tendência até2008. A taxa de desemprego não é homogénea em toda a população. Entre as mulheres a taxa de desemprego reduziu-se de 16,9% em 2001 para 12,3% em 2008. E em 2012 aumentou para 29%. Entre os homens reduziu-se de 7,5% em 2001 para 5,6% em 2008 e aumentou para 22,7% em 2012. Entre os estrangeiros, a taxa de desemprego reduziu de 11,7% em 2001 para 7,4% em 2008 e depois, em 20012 aumentou para 30%. Na base destas estatísticas, 180.000 dos 1,27 milhões de desempregados em 2012 são estrangeiros.
A consequência da explosão do desemprego aumentou significativamente a taxa dos adultos em cujas famílias não há nenhum trabalhador de 8,1% em 2008 para 16,5% em 2012, enquanto se estima que nas famílias de 12,6% dos menores de idade não há ninguém empregado.
Durante o período 2008-2011 aumentou muito o desemprego de longa duração (os que procuram trabalho há mais de um ano). Entre 2008 e o segundo trimestre de 2012 aumentou de 3,2% para 11,7% nos homens, e de 7,9% para 16,9% nas mulheres. O número de desempregados de longa duração supera os 680.000 trabalhadores.
Segunda dados do Eurostat, em 2011 havia 956.007 imigrantes registados oficialmente, isto é, 8,45% dos 11.309.885 habitantes da Grécia, mais elevada que a média da UE, que no mesmo ano era 6,63%. A diferença qualitativaem relação à UE é que na Grécia só 16% dos imigrantes são cidadãos da União Europeia, enquanto a média dos emigrantes na União Europeia oriunda dos seus países membros era de 38,5%. O número actual dos imigrantes alterou-se já que houve uma nova onda de milhares de imigrantes, sobretudo porque a Grécia é considerada como porta de entrada para os imigrantes que se dirigem para outros países europeus. Alguns deles voltaram para suas países devido ao desemprego e à impossibilidade de viver na Grécia, em consequência da crise económica.
3.3 A propósito da estrutura da economia
O sector agrícola-primário teve uma produção total de 8,6 mil milhões de euros (Valor Acrescentado Bruto) em 2001, mas reduziu-se para 6,5 mil milhões em 2008 (a produção tinha-se mantido estável até 2005 e depois reduziu-se significativamente), enquanto no período da crise se manteve estável. A taxa percentual reduziu-se de 5,8% em 2011 para 3,5% em 2008, e cresceu para 4,1% (devido à queda do PIB e não ao pequeno aumentoem números). Apesar da importante redução, a produção aumentou nalguns produtos durante aquele período (por exemplo em trigo duro, milho e arroz).
A produção de produtos pecuários em comparação com 1981 (data da adesão à CEE) registou uma queda significativa da carne, uma estagnação da produção leiteira, uma redução na produção de manteiga. Na produção pecuária observa-se uma concentração significativa, apesar de ainda haver um grande número de explorações com uma quantidade muito limitada de gado.
No sector agrícola a superfície média de cultivo continua até hoje a ser muito pequena (no 25% da média da UE). As culturas agrícolas com margem bruta standard (MBS) mais de 48.000 euros em 2007 constituíam 12,9% dos terrenos agrícolas em comparação com os 3,94% em 1990. Consideramos que uma exploração com um MBS inferior a 48.000 euros não assegura uma reprodução ampliada do seu capital.
O sector secundário - industrial como percentagem do Valor Acrescentado Bruto reduziu-se de 21,1% em 2001 para 17,1% em2011. A produção em 2011 representou 70% do nível alcançado em 2001. Ao mesmo tempo houve uma redução significativa da indústria manufactureira e da construção.
O sector terciário (serviços) como percentagem do Valor Acrescentado Bruto aumentou de 75,2% em 2001 para 78,8% em 2011.
Devemos sublinhar que as estatísticas burguesas incluem neste sector ramos industriais como o da indústria naval, cujo Valor Acrescentado Bruto se estima tenha aumentado de 4,1 mil milhões de euros em 2001 para 7,8 mil milhões de euros em 2011 e o sector industrial das telecomunicações, cujo Valor Acrescentado Bruto aumentou de 3,1 mil milhões de euros em 2001 a6,2 mil milhões de euros em 2010.
[1] Veja anexos 1 & 2
[2] Categorização na base de um conjunto de indicadores básicos (taxa de crescimento do PIB, produção industrial, produtividade, balança de conta-corrente, situação fiscal)
[3] Na recente reunião do G20 manifesta-se uma forte preocupação com o fato de que o desenvolvimento económico global é "particularmente fraco" e fala-se de "perigos" decorrentes da deceleração das taxas de crescimento nas chamadas "países em desenvolvimento".
[4] São bem características as declarações de Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu e quadro destacado do SPD alemão.
[5] É bem característico o artigo do presidente de SYRIZA nos Financial Times, 12/6/2012
[6] Entrevista com Tsipras na Feira Internacional de Salónica, 15 set 2013
[7] O Primeiro-ministro Antonis Samaras falando a empresários durante sua visita em Nova York no dia 2 de Outubro era bem claro: «por um lado temos a Aurora Dourada e pelo outro temos uma oposição extremista que defende a saída da OTAN e da União Europeia..»
[8] Tome em conta que há diferenças nas estatísticas do FMI e da Eurostat. Suas estimações devem ser tratadas como indicativos.
[9] http://epp.eurostat.ec.europa.eu/tgm/table.do?tab=table&init=1&plugin=1&language=en&pcode=tec00115
[10] 28 Países
[11] Numero de Países integrantes da zona de euro: 2000-11, 2006-12, 2007-13, 2008-15, 2010-16, 17
[12]https://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2013/01/weodata/weorept.aspx?sy=1993&ey=2016&scsm=1&ssd=1&sort=country&ds=.&br=1&pr1.x=49&pr1.y=15&c=174&s=NGDP_R&grp=0&a=#cs1